Entre os 11 e 15 anos eu gostava muito de animes japoneses. Não, eu não era um otaku, até porque esse tipo de coisa não existia entre meus 11 e 15 anos (eu sou de 1983). Eu gostava era do que a finada Rede Manchete mostrava, um monte de desenhos shonen que eram muito parecidos uns com os outros e que se extendiam por vários meses até chegar em seu final.
Mas eu via eles como alguém que vê uma novela na Globo, sabe? Era por hábito, a maior parte das vezes eu achava o anime ruim, mas insistia em assistir. Tanto que eu tou tentando lembrar aqui quais eu gostava e só me vem na cabeça o Cavaleiros do Zodiaco e Yu Yu Hakusho.
Yu Yu Hakusho inclusive ainda me agrada muito, tive a oportunidade de ler alguns capítulos do mangá e rever alguns episódios da série recentemente e tudo segue sendo muito maneiro.
Tinha Dragon Ball também. Mas esse eu só gostava da fase antes de virar Z. Essa fase Z foi muito maneira até o Freeza, depois, putamerda, repeat ad infinitum de ser mais poderoso do universo e Goku morrendo e voltando pra salvar todo mundo.
Mas eu não quero falar desses animes antigos, nós fizemos dois podcasts sobre assunto. Dois podcasts que pra ser sincero são os meus menos preferidos. Esse post é pra falar do Hayo Miyazaki, esse velho de cabelo lambido aí embaixo.
'sup yo
Como a maior parte dos brasileiros, o primeiro filme que eu vi dele foi A Viagem de Chihiro. Todo mundo já viu né? É tipo Alice no país das maravilhas, só que nipônico. Não é meu preferido, mas a animação é mesmo muito boa.
Apesar de ter visto Chihiro faz muito tempo, só recentemente tive a curiosidade de conhecer outras coisas do Miyazaki. E na verdade, dos que eu ví, gostei mais dos primeiros que ele fez. Aquele do Castelo Animado eu vi faz uns três anos mas nem me lembro como era... lembro que tinha uma garota que ficava velha e só. Eu falar só dos que eu gostei, fodam-se os outros.
Nausicaä do Vale do Vento fala sobre uma princesa de um futuro pós apocalíptico, 1000 depois da destruição da civilização humana e grande parte do nosso ecossistema. O que sobrou da civilização, subexiste em vilas e aldeias, cercados por desertos e florestas tóxicas, e tendo que enfrentar insetos gigantes que ameaçamatacar se forem incomodados. As coisas correm bem até que uma guerra entre vilas começa, e uma das vilas planeja queimar a floresta tóxica e todos os insetos que vivem nela. É um filmaço de aventura com muita história. E ele cobre só os dois primeiros volumes dos 7 do mangá que inspirou. Um dia leio.
O Serviço de Entregas da Kiki é mais infantil. É sobre uma bruxa de 13 anos que sai de casa pra se desenvolver melhor com seus poderes, pokémon style. Ela vai parar numa cidade, e não sabe ao certo qual vai ser sua especialidade como bruxa, então decide criar um serviço de entregas pra ir se mantendo. Ela faz as entregas de vassoura mesmo, o que faz um bom sucesso na cidade. A partir daí não acontece muita coisa, pra falar a verdade. Ela faz uns amigos, tem contato com adolescentes idiotas, quase perde os poderes e o filme acaba do nada. Mas é muito bom! Juro.
E o meu favorito, PORCO ROSSO.
O porco no caso é um aviador italiano, herói da primeira guerra mundial, que foi amaldiçoado e por isso tem a forma de um porco. Ele vive numa ilha e ganha grana como mercenário combatendo piratas do ar. Rola uma tensão política no filme, já que na época retratada no filme, a Itália caminha cada vez mais em direção ao fascismo e o porco aviador tem tendência extremamente anti-fascístas. Ele até tem uma fala que diz bem isso, "eu prefiro ser um porco que um maldito fascista...". Esse filme é muito maneiro.
Aí... notou que os personagens tão sempre voando nas imagens que eu coloquei?
Esses filmes não são muito conhecidos por aqui, a não ser pela galera que consome cultura japonesa em massa. É uma pena. Mas eu calculo que daqui a uns anos, hollywood vai descobrir o filão de adaptações de animes consagrados e olha... um filme de Nausicaä ou do Porco Rosso ia ser muito foda. Nem precisam adaptar nada, mantenham a história e coloquem pessoas de carne e osso e muita grana pra dar fidelidade aos ambientes. Podem sair umas coisas maneiraças daí.
Quem sabe né?
